12 de abril de 2011

Fragmento #11411


E então eu disse a ele:

- Você, que é um dos poucos daqueles que não se esquivam do soco na hora do soco, sabe bem que, por aqui, todo fardo tem seu espaço, seu tempo e seu preço. Agora que a farsa da vez acabou, que as máscaras rotineiras caíram, pelo menos por hora recue um pé atrás, respeite seu tempo, seu fôlego, sua cara no espelho sem aquele olhar esquivo que trajamos na usual obrigação. Escute novamente por detrás do ruído a frequência oculta, o som do nada, do todo, do eu, e retome inicialmente a sensação esquecida do ser, dispersa usualmente pelo incômodo, pela insatisfação, pelo servilismo, pela infâmia mundana à qual nos submetemos no mais e mais sem cessar. Sem desespero não há desespero. Sem obrigação não há obrigação. Há que se ter água no cantil. Há que se ter víveres no alforge. E isso é vital, sabemos. Mas somente isso e isso somente não basta para se alçar o grande vôo. A grande travessia. Não se pode ultrapassar a grande fronteira com a fronte apática, com o coração seco, com o ânimo plástico. Todos precisamos de todos. A grande resposta negada ao viciado rito social já rompe seus limites do material-individual ao vital-comum após séculos de usurpação consentida. A hora urge à nossa frente, diante de nossos olhos cuspindo a urgência da retomada à origem. Sermos ao invés de iniquamente existirmos. Sem mais desculpas. Sem mais dilemas. Sem mais atalhos, subterfúgios, protelações. Cabeça em pé, olhos fitos no horizonte de um destino inventado, passo a passo.

Conta comigo.

(RL)

4 comentários:

Manassés disse...

Não sei porque, mas me lembrou sobre uma palavra que li hoje; Ubuntu!

a.k.a. "Bonx" disse...

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ubuntu_(ideologia)

AdoB!

BrNoise disse...

Cabe aqui um grito seco?

AAAAAAAAAAhhh!

Contarei.

a.k.a. "Bonx" disse...

Alê, vou te responder (porque li e quero) depois de 01/07 quando a USP me liberar. Aguarda a resposta e a gelada! Abração do Bonx.