1 de abril de 2014

A Burrice

... ou  o "Dia da Mentira".

Todo burro acha que quem não é fascista, é comunista. Tudo burro acha que quem não é comunista, é fascista. Todo burro odeia os outros "istas", o anti-"ista", o ex-"ista", o a-"ista" e o neo-"ista", já que a história do "ismo" é o próprio sentido do burrismo. Todo burro é acrítico e cheio de certezas, se deixa doutrinar por qualquer ideologia panfletária, acadêmica ou religiosa, adere à mitificação da História, assume posição de clientelismo politico, institucional e social, abraça uma ideologia como religião e segue sua liderança como sacerdote. Tem visão mítica do mundo, visão bitonal da realidade, medo do conhecimento alargado e da experiência factual de suas "idéias". Assim, todo burro padece do retorno de sua própria inexperiência e repousa sobre a ignorância de sua réles cognição binária. Pois todo burro, dentro de sua percepção condiconada e estreita, enxerga o todo complexo somente em preto ou branco, azul ou vermelho, claro ou escuro, bem ou mal, certo ou errado, assim ou assado. E toda burrice tende ao extremismo, ao radicalismo, à polarização, assim como toda burrice tende à covardia e a perversão, contaminada ante ao medo do que desconhece e dominada em temor ante a voz que a comanda e a dita, e portanto é inerentemente insegura e agressiva. Toda burrice tende ao autoritarismo, assim como toda burrice tende à mentira, assim como toda burrice tende à violência, contra tudo que a questione. A burrice não dialoga com o outro, só vê a si mesma e passa por cima de tudo que esteja em seu caminho, de maneira imperativa, arrastando consigo todo o demais e deixando através do tempo seu rastro de sangue, de dor, de morte, de injustiça, de usurpação, de degradação, de mediocridade e de infâmia. Hoje, nesta data tão solene, a burrice é exaltada, conclamada e festejada pelos burros de todos os tipos, de todas nações, de todos os "ismos", de todos os modelos inventados, pelos burros prós e pelos burros contras, como se ambos de fato fossem veramente antagônicos entre si. Assim a burrice escreveu sua história. E assim a burrice se tornou sagrada, idolatrada, imbatível, imortal. Frente à mesma, nos resta a talvez única certeza universal - a de que a Natureza irá cobrá-la um dia, junto de seus tão imensos e obedientes rebanhos, ao final.

(RL)

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