18 de fevereiro de 2013

Fragmento #130126


Pus meu cargo “à disposição” por várias vezes e em várias situações, ante a questões imorais, antiéticas, desumanas ou desonrosas, impostas por aquilo que os medíocres chamam de “regras do mercado". Questões estas confrontadas ao meu valor, e não meu preço.
Há que se delinear a diferença entre valor e preço, para que sejas um homem, um animal filho da Terra, e não uma coisa, um produto.

Em todas estas situações, testemunhei nos demais o silêncio, o enxovalho, a humilhação consentida, a alma vendida e a honra perdida ao servir de capacho humano a escalões. E depois, como que querendo limpar a consciência com sofismas, cacarejavam em bandos, em almoços, salas sociais e cafés: "Mercado é isso - nos prostituímos e jogamos o jogo. As coisas são o que são".

Outra pérola deles - "Todo mundo tem seu preço". Entretanto, quase ninguém mais tem valor. A máxima deles - "Manda quem pode, obedece quem tem juízo." Entretanto, nós, que não eles, temos valor e não estamos à venda.

É o legado que queremos deixar nos autos de nosso tempo. Pagamos para que não nos comprem. Nós, que não somos ele$. Pobres covardes, servos do medo, coniventes à chibata secular e à aniquilação da própria espécie.
 

(RL)

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