29 de outubro de 2014

Cordel da Ressaca Eleitoral


O dólar sobe. O dólar desce.
Terrorismo de mercado que inflama.
Mas acabou a água em São Paulo.
Seca corrupta neoliberal tucana,
Estelionato eleitoral alckmista.
Seu impedimento foi posto em marcha
Na Assembléia do Tucanistão Paulista.

O dólar sobe. O dólar desce.
Mas nem o choro hipócrita-pseudomoralista
Da infame e imunda direita golpista
Reverterão nossa água roubada
Pela quadrilha tucana paulista.

O dólar sobe. O dólar desce.
Dólar alto, voos à Miami em baixa.
São Paulo seco, voos ao Nordeste em alta.
Em alta também o racismo,
A xenofobia e o elitismo
De um estado protofascista,
Herdeiro histórico direto
Da recém marcada sociedade escravista
Que mercantiliza educação e saúde,
Que brutaliza os trabalhadores
Que encarcera e assassina jovens negros,
No “apartheid” da periferia.

O dólar sobe. O dólar desce.
O que não muda é a maldita clivagem
E esse nefasto controle da massa
Teleguiada, alienada e tangida
Ao eleitoral sistema arranjado
A escolher nesse pobre cardápio
O retrocesso realimentado,
Na dominada bancada ruralista,
Religiosa e militarista,
Mantenedora do latifúndio,
Criminalizadora da pobreza projetada
Retaliadora dos direitos civis
Exterminadora da natureza
Tocando a pique o genocídio indígena
No Estado moderno neoliberalista.

O dólar sobe. O dólar desce.
A mídia engana, manipula e dita.
A mídia é dona do sim e do não.
Seu crime é livre, e sem legislação
Nos rouba toda a expressão-liberdade.
Mas isso tudo começa a rachar
No esgotamento do tal sistema.
Luta de classes, mundo espoliado,
Estado decadente e legalizado
- Até o ar será privatizado!
Democracia só será de fato
Se governada, mas desde de baixo
Desvanecendo a desigual condição
No falso discurso meritocrático
Rompendo a ordem predatória
Do capital livre e desenfreado.

O dólar sobe. O dólar desce.
E em meio ao parecer imutável
Um grito então irrompe à hipnose -
"Todo poder ao povo!"
Gritava a história em nova alvorada.
Reforma política, social, econômica,
Ambientalmente reintegrada,
Consulta popular ampliada,
Estudantes, trabalhadores, idosos,
Mulheres, LGBTs, negros, indígenas,
Utopia materializada
Mobilização e pressão desde as ruas
À nova pauta a ser demandada -
Governo outro, de baixo pra cima
Em um Estado que nos obedeça.
Para que serve, afinal, o Estado
- nos lembra a rir, o lindo anarquista -
Quando não serve à sua sociedade
Em sua autoridade, assim justificada?

O dólar sobe. O dólar desce.
Feliz ano novo, o saudamos
Nos adiantando e atravessando
Tamanha e dura eleitoral ressaca.
E que o debate e o direito à palavra
Voltem das telas e editoriais
Da mídia falida golpista privada,
Dos grãos proprietários, oligarcas, generais,
À nos, às ruas e à todos gerais.

“E o dólar?!”
- Inquere o pequeno burgês
Pelo sistema, adestrado
Senso comum coisificado
Deitado eternamente
Em berço sistêmico -

E o dólar?!
Roubaram até nossa ÁGUA.
Porra!!!

(RL)
Outubro/2014

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